Avançar para o conteúdo principal

"LEVAR A SALVAÇÃO COM TEMOR E TREMOR" - HÉLIO SCHWARTSMAN: UMA MEDITAÇÃO BEM LONGE DO NATAL/NADAL: D-US CRIOU O MUNDO EM 25 DE MARÇO

ABERTA A SECÇÃO - "QUANDO YAOHÚSHUA VIER AINDA HAVERÁ FÉ NA TERRA?"


Que diabos eu, um ateu de ascendência judaica, tenho a ver com o Natal. Gostaria que a resposta fosse um "nada". A verdade, porém, é que é praticamente impossível passar ao largo desta festividade. Mesmo os mais aguerridos militantes antinatalistas sentem as repercussões das festividades, que afetam os mais variados aspectos da vida, indo dos megacongestionamentos de carros nas grandes cidades até os indefectíveis pedidos de caixinhas de fim de ano.


Relendo as frases acima, percebo que corro o risco de ser mal interpretado. Embora eu não ligue muito para o natalício Daquele-bom-rapaz-judeu, não chego a amotinar-me contra as celebrações. Gosto das comidas da festa e aprecio presentear especialmente as crianças.

(Aproveito a deixa para fazer um parêntese provocativo. Contrariando as recomendações de toda a pedagogia moderna, os meus filhos gêmeos Ian e David, agora com quase três anos, vivem ganhando espadas, revólveres, metralhadoras e outros brinquedos hoje tidos como politicamente incorretos. Espanta-me a ideia de que alguém possa acreditar que são estes os objetos que tornam as crianças violentas e não que elas não o sejam "ab ovo".

Qualquer um que já tenha parado alguns minutos para olhar garotos brincando percebe que a violência é "built-in", um dado da natureza humana. Se eu não lhes desse "armas", eles as improvisariam. No jogos dos meninos, até um inocente cavalinho de pau torna-se um "mortífero" cajado lançador de raios.

Há quem afirme que crianças só não se matam umas às outras porque os pais impedem o seu acesso a objetos realmente perigosos, como facas afiadas e armas de verdade. Quanto mais os observo --brincando e também brigando-- mais me convenço da natureza ambivalente do homem, que é capaz tanto dos mais mesquinhos gestos de egoísmo e violência como de grandes atos de generosidade e amor. Exceto em casos patológicos, não são os brinquedos que damos às crianças que definem a personalidade e o grau de agressividade do adulto).

Esperando não perder-me mais em desvios, passo ao propósito desta coluna, que é aventar algumas hipóteses sobre a extrema popularidade do Natal, mesmo entre não-religiosos.

Se há uma característica que aprecio no cristianismo é a sua visão para o marketing. Convenhamos que é preciso ser muito bom para converter o que era uma leve dissidência de uma religião complicada e impopular como o judaísmo numa das fés mais seguidas e difundidas do mundo. E a construção da liturgia do Natal ilustra de modo exemplar esta vocação mercadológica do cristianismo.

Quem deu início ao processo de popularização do cristianismo no século 1º foi um judeu: Paulo de Tarso. Diferentemente de Tiago, Pedro e dos seguidores de Cristo, Paulo, que era um judeu da diáspora, falante do grego e pregava para não-judeus, o que se revelou fundamental para dar as feições ao cristianismo paulino que foi o que triunfou historicamente.

O judaísmo é uma religião muito difícil de vender. Assim, para tornar o judaísmo cristão mais palatável para os gentios, Paulo procedeu a uma série de modificações no que diz respeito a pontos como a circuncisão, as proibições alimentares e até a sua intolerância para com outros credos. Foi assim que o hoje santo proclamou que a antiga aliança (a lei mosaica) havia sido substituída pela nova, cujas exigências, por ele mesmo estabelecidas, não eram tão draconianas.

Em seus primórdios, o cristianismo soube valer-se de elementos sincréticos que o ajudaram a difundir-se, embora pareça um exagero afirmar que toda e cada uma das amalgamações procedidas entre padrões cristãos e de outros credos tenha sido metodicamente premeditada.

A data do nascimento de Cristo, por exemplo, foi definida como 25 de dezembro por cronógrafos do século 3º. A explicação é bem divertida. Como todos sabem, a criação se deu no equinócio de primavera, à época reconhecido como ocorrendo dia 25 de março. Ora, se D-us criou o mundo num 25 de março, nada mais natural do que imaginar que também tenha sido nesta data que Ele concebeu o seu Filho Unigénito.

(Aproveito a deixa para fazer um segundo parêntese provocativo: "El científico británico Stephen Hawking afirma en un nuevo libro que la física moderna excluye la posibilidad de que Dios crease el universo.
En un libro anterior sugería que la existencia de dioses y la comprensión científica del universo eran compatibles.

Del mismo modo que el darwinismo eliminó la necesidad de un creador en el campo de la biología, el conocido astrofísico afirma en su obra, de próxima publicación, que las nuevas teorías científicas hacen redundante el papel de un creador del universo.

El Big Bang, la gran explosión en el origen del mundo, fue consecuencia inevitable de las leyes de la física, argumenta Hawking en su libro, del que hoy adelanta algunos extractos el diario The Times.

Hawking renuncia así a sus opiniones anteriores expresadas en su obra Una Breve Historia del Tiempo, en la que sugería que no había incompatibilidad entre la existencia de un Dios creador y la comprensión científica del universo.

"Si llegamos a descubrir una teoría completa, sería el triunfo definitivo de la razón humana porque entonces conoceríamos la mente de Dios", escribió en aquel libro, publicado en 1988 y rápidamente convertido en un éxito de ventas.

En su nuevo libro, titulado en inglés The Grand Design y que sale a las librerías el 9 de septiembre, una semana antes de la visita del Papa a Gran Bretaña, Hawking sostiene que la moderna ciencia no deja lugar a la existencia de un Dios creador del Universo.

En esa obra, escrita al alimón con el físico estadounidense Leonard Mlodinow, Hawking rechaza, según el adelanto periodístico, la hipótesis de Isaac Newton según la cual el universo no puede haber surgido del caos gracias sólo a las leyes de la naturaleza sino que tuvo que haber intervenido Dios en su creación.

Según Hawking, el primer golpe asestado a esa teoría fue la observación en 1992 de un planeta que giraba en órbita en torno a una estrella distinta de nuestro Sol. (»» Actualização em tempo real a esta info; jornal espanhol "El Mundo": http://www.elmundo.es/elmundo/2010/09/29/ciencia/1285784486.html
)

Um planeta a 20 anos-luz de distância da Terra poderá ter condições para ser habitável. O Gliese 581g pertence ao sistema de seis planetas que giram em torno da estrela Gliese 581 (que está situada na Constelação Libra). Os investigadores acreditam que poderá segurar uma atmosfera própria, podendo ter oceanos e rios, ser rochoso, reforçando assim a possibilidade de ser capaz de suportar vida.

A descoberta foi feita por investigadores norte-americanos da Universidade da Califórnia em Santa Cruz e do Instituto Carnegie, em Washington, tendo sido publicada no Astrophysical Journal. "O facto de termos descoberto tão rápido este planeta e que está tão perto, diz-nos que outros planetas como este podem ser comuns. O número de sistemas solares com planetas potencialmente habitáveis estará na ordem dos 10 ou 20%", realçou o astrónomo Steven Vogt, que participou na investigação que está a ser feita há 11 anos.

O Gliese 581g tem uma massa três vezes superior à da Terra e o diâmetro é 1,2 a 1,4 vezes maior. A grande diferença é que um ano neste planeta dura 37 dias, isto é, o tempo que dura a dar a volta à estrela. Este planeta não tem o movimento de rotação, ou seja, um lado está sempre virado para a estrela, o que faz que seja sempre dia, enquanto no outro a noite é permanente.

No lado "diurno", as temperaturas são bem altas, escaldantes, segundo os cientistas, no "nocturno" rondam os -31 graus e -12. Para os investigadores, o melhor local do planeta será a "fronteira" entre as duas zonas. "As formas de vida que poderiam surgir no planeta teriam uma grande variedade de climas estáveis para evoluir, dependendo da longitude em que se encontrassem", salientou Vogt.

http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1675773


"Eso hace que las coincidencias de las condiciones planetarias de nuestro sistema- la feliz combinación de distancia Tierra-Sol y masa solar- sean mucho menos singulares y no tan determinantes como prueba de que la Tierra fue cuidadosamente diseñada (por Dios) para solaz de los humanos", escribe Hawking.

Según Hawking, que fue hasta el año pasado profesor de matemáticas de la universidad de Cambridge, puesto que ocupó en su día el propio Newton, es probable que existan no sólo otros planetas, sino también otros universos, es decir un multiuniverso.

En opinión del científico, si la intención de Dios era crear al hombre, esos otros universos serían perfectamente redundantes.

El conocido biólogo ateo Richard Dawkins se felicitó de la conclusión a la que parece haber llegado su colega Hawking: "Es exactamente lo que afirmamos nosotros. No conozco los detalles de la física, pero es lo que he sospechado siempre".

En su libro, Hawking no excluye la posibilidad de que haya vida también en otros universos y señala que la crítica está próxima a elaborar una teoría de todo, un marco único capaz de explicar las propiedades de la naturaleza.

Eso es algo, recuerda The Times, que han estado buscando los físicos desde la épica de Einstein, aunque hasta el momento ha sido imposible reconciliar la teoría cuántica, que da cuenta del mundo subatómico, con la de la gravedad, que explica la interacción de los objetos a escala cósmica.

Hawking aventura que la llamada teoría-M, proposición que unifica las distintas teorías de las supercuerdas, conseguirá ese objetivo.

"La teoría-M es la teoría unificada con la que soñaba Einstein. El hecho de que nosotros, los seres humanos, que somos tan sólo conjuntos de partículas fundamentales de la naturaleza, estemos ya tan cerca de comprender las leyes que nos gobiernan y rigen el universo es todo un triunfo", escribe el astrofísico.

Hawking da a entender que en lugar de ser una ecuación única, la teoría-M puede consistir en "toda una familia" de teorías inscritas en un marco teórico consistente, del mismo modo en que distintos mapas - políticos, geográficos, topológicos- pueden referirse a una sola región sin contradecirse entre sí." [
http://www.adn.es/lavida/20100902/NWS-0200-Stephen-Hawking-Dios-astrofisico-universo.html])


Assim, Cristo nasce nove meses depois, num 25 de dezembro. Quem prefere interpretações mais simples pode julgar que escolheram o 25 de dezembro para celebrar o Natal porque nesta data ocorria uma outra festa muito popular à época, o nascimento de Mitra, o deus luminoso da mitologia védico-pérsica, especialmente apreciado pelos legionários romanos. Também no dia 25 de dezembro, várias outras tradições, como a romana, a germânica e a céltica, exaltavam o solstício de inverno. Se as pessoas pudessem reconhecer elementos familiares no cristianismo, seria muito mais fácil fazê-las abraçar a nova fé.

As coincidências entre símbolos do Natal e de outras crenças não se limitam à data escolhida para representar o nascimento de Cristo. O hábito de trocar presentes, por exemplo, é uma herança das Saturnais romanas, festival que ia de 17 a 23 de dezembro no qual se pagava tributo a Saturno (Deus do tempo) promovendo, entre outras coisas, orgias.

A árvore e a decoração de Natal são ainda mais "universais". Já os antigos egípcios e hebreus usavam árvores e guirlandas para simbolizar a vida eterna. O culto a vegetais frondosos também era frequente em praticamente todas as tradições pagãs européias, em especial a germânica e a céltica. Pelo menos no caso dos escandinavos sabe-se que o hábito de decorar as casas no solstício de inverno foi mantido mesmo depois da conversão ao cristianismo.

Modernamente, as árvores de Natal ganharam o mundo através dos alemães. Já no século 18, os luteranos costumavam armá-las. A moda chegou à Inglaterra no século 19 com o enlace entre a Rainha Vitória e o seu príncipe consorte alemão Albert. Daí a árvore conquistou os EUA e o mundo.

Como bom incréu que sou, não acredito em deuses sejam eles demiúrgicos, todo-poderosos ou venham na forma de panteão. Ainda assim, acho importante traçar uma distinção entre os sistemas monoteísta e politeísta. Um dos segredos da impopularidade dos judeus em tempos antigos era o fato de não aceitarem as "verdades" religiosas de outros povos. Enquanto gregos, persas e romanos podiam confraternizar-se encontrando características comuns entre seus deuses e até as reelaborando juntos --as semelhanças entre Zeus, Mitra e Júpiter não são obra do acaso nem apenas da origem comum indo-européia--, o Deus ciumento dos hebreus exigia exclusividade. Ele deveria ser o único e não poderia haver nenhum outro.

O cristianismo, como integrante da tradição monoteísta, também possui um Deus único. Mas, em elementos não centrais para a teologia e para a doutrina, os cristãos souberam negociar com outros povos. É claro que o cristianismo não pode admitir o culto a Mitra, mas por que não ficar com a data de 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Cristo? O Vaticano não pode autorizar preces para Tutatis ou Odin, mas por que não incorporar uma arvorezinha e uma guirlanda nas festas? Este espírito de negociação e a vocação para o marketing ajudaram a tornar o Natal a mais popular das festas religiosas, mesmo entre não-religiosos.

Paradoxalmente, ele é tão popular que os mais religiosos costumam criticá-lo por o seu extraordinário sucesso que lhe dá um caráter inevitavelmente profano. Daí as intermináveis queixas contra a mercantilização do Natal etc. etc. Ora, pelo menos para nós, ateus, a religião não é muito mais do que uma busca por almas, na qual os pais fundadores do cristianismo se mostraram enormemente competentes.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u356085.shtml


EXTRA: http://blogdasagradafamilia.blogspot.com/2008/11/papa-abenoa-cientista-stephen-hawking.html


DEBATE: http://eskup.elpais.com/*debateuniversodios

Mensagens populares deste blogue

Judaísmo e Islão 101 - Inclui Sechita e Halal | A Partícula de Deus - Anselmo Borges | Aminata - Um caso de Mutilação Genital | Circuncisão na Alemanha

http://mesillatyesharim.blogspot.pt/ ☂♣♥♪♫   ‎"Vou falar em português. Estou a aprender. Aminata não é o meu nome verdadeiro. Tenho 28 anos e meio, nasci em Kinshasa, quando ainda era no Zaire. Tenho nacionalidade do Senegal e foi de lá que fugi porque não quero que a família do meu pai faça o mesmo à minha filha do que fez comigo quando eu tinha cinco anos. Foi numa vez que me levantei mais cedo, cinco ou seis horas da manhã. Disseram-me que íamos ver um marabout. É um médico que limpa o corpo das pequeninas, para que depois tenham marido. Eu não sabia ao que ia. A minha mãe também não. Foi a irmã do meu pai. Ela tem muito poder. É ela que decide sobre as crianças. No Senegal são as mulheres velhas que o fazem. Vivia em Dacar. Levaram-me para muito longe, dois dias ou três de viagem no autocarro. A mutilação faz-se nas aldeias, não na capital". Esta é a história de Aminata, uma das mulheres ouvidas sobre casos de mutilação genital, ou violadas, e que procuraram refú...

O Verdadeiro Batismo no Espírito Santo está nas Igrejas Inclusivas

When Green Pastures are a Mirage: Ep. 2148 Full Hour from Crystal Cathedral Ministries on Vimeo . Music Guest - CCHS Chamber Singers, "Espiritu de Dios" is a traditional Cuban piece, arranged by Brian Tate. The CCHS Chamber Singers are high school students from the Crystal Cathedral High School. This group is directed by Anna DeLeon. Music Guest - CCA & CCHS Band, "Be Still, My Soul" is a spiritual piece, arranged by Robert W. Smith. The CCA & CCHS Band consist of students ranging from 4th grade through 12th grade, all from the Crystal Cathedral Academy and High School. The band is directed by Marco Mejia. Music Guest - CCA Chorus, "The New 23rd" Composed by Ralph Carmichael. The CCA Chorus consists of students from 4th grade through 8th grade. They are directed by Carol Aspling and are from the Crystal Cathedral Academy. Interview Guest - Ginny Dent Brant is the daughter of Harry Dent, a man who held the position of special counsel and ...
"Imediatamente após a expulsão do Pomar e Jardim do Éden numa Várzea (no final de Génesis 3), a Tôrah escrita descreve o nascimento de Cain (Caim) que nasceu com uma gêmea e Hevel (Abel) que nasceu com duas gêmeas, os filhos e filhas dos Pais Primordiais (no início do capítulo 4). O midrash liga estes dois eventos-sucessos e, numa explicação, encontra um vínculo cronológico: os rabinos afirmam que três maravilhas foram realizadas naquele dia: todas no mesmo dia em que Adam HaRishon e Chava/Javá [Adão e Eva] foram criados, tiveram relações sexuais e produziram descendentes. Assim, Caim e Abel e as irmãs nasceram no mesmo dia da Criação de Adão e Eva (Gen. Rabá 22: 2). Outro midrash encontra uma relação causal aqui: quando Adão viu a espada de fogo sempre a girar, ele entendeu que os seus filhos estavam destinados a perder-se no Gehinnom e similares (Purgatório, Inferno, Kaf Hakelah, Guilgulim [Metempsicose, Reencarnação, mas só para os homens, em razão da sua leitura constante da T...